DP 127 anos
Polo Naval
Em 2013, no auge das obras em plataformas, 23 mil pessoas atuavam no Polo Naval; hoje esse número não passa de três mil
Marcus Maciel -
Impulsionados há pouco mais de uma década por um projeto do governo federal de retomada da indústria naval em virtude da exploração de petróleo no pré-sal, Rio Grande e São José do Norte vivem atualmente os últimos dias de movimentação em seus estaleiros. Pelo menos é essa a perspectiva de momento, já que das três estruturas, uma está parada em processo de recuperação judicial (Estaleiro Rio Grande, da Ecovix) e outras duas (QGI e EBR) concluem os projetos em andamento até o final do ano, demitindo os últimos trabalhadores do setor que ainda restam em atividade.
“Estamos sem expectativa alguma, pois o governo e a Petrobras já demonstraram que não têm interesse na construção de cascos e plataformas”, lamenta o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico de Rio Grande e São José do Norte (Stimmerg), Sadi Machado. Embora não jogue a toalha quanto a uma continuidade do Polo Naval, conta que no momento a única esperança de emprego para aqueles que deixam seus postos está nas vagas abertas pela ampliação da planta industrial de uma indústria de fertilizantes. O que é pouco diante do quadro. “Hoje se qualquer um gritar na rua que tem uma oportunidade de trabalho logo já surge uma fila com duas mil pessoas”, diz.
A crise é reflexo de uma rápida derrocada. Em 2013, no auge das obras em plataformas, 23 mil pessoas atuavam no Polo Naval. Hoje esse número não passa de três mil. E os impactos se estendem por toda a economia local. Até 2014 Rio Grande acumulava oito anos de indicadores positivos na geração de empregos no comércio e serviços. Desde que o tempo virou, o saldo passou para dois mil negativo entre 2015 e 2016, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. Nas contas públicas, outro problema: projeções da prefeitura de Rio Grande apontam para uma queda de R$ 70 milhões na arrecadação de ISSQN e ICMS. Um baque de 10% no orçamento.
Para o economista Erli Massaú, o momento atual do Polo Naval é inegavelmente ruim. Porém, ressalta a necessidade de mobilização política para estimular a iniciativa privada a utilizar o potencial. “Enquanto durou foi muito positivo. Agora é preciso um trabalho para que se mantenha o que restou, pois em relação à realidade que tínhamos antes do polo ficou um saldo positivo”, avalia.
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